Economia
10 Apr 2018
14:53
Muitos brasileiros desejam saber como fazer sobrar dinheiro no
final do mês. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de
Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, a maioria das pessoas deixa
para poupar para os seus sonhos quando – e se – sobrar dinheiro no final do
mês, algo difícil de acontecer, já que a quantia disponível na conta, sem
objetivo atrelado, é comumente utilizada sem planejamento.
“As
pessoas precisam mudar a forma de pensar o orçamento mensal. Ao invés de
esperar ou tentar fazer com que sobre dinheiro, devem resgatar aquilo que
realmente desejam em sua vida, seus sonhos e metas pessoais e familiares, e
poupar para isso dinheiro em primeiro lugar. Não é uma questão de números ou de
incrementar a renda, e sim de ter novos hábitos, mais conscientes”, orienta
Domingos.
Segundo
o especialista, muitas pessoas abandonaram o hábito de sonhar, talvez pela
correria do dia a dia ou pelo medo de não conseguir realizar. Por isso ele
desenvolveu a metodologia DSOP, que direciona para a conquista dos sonhos por
meio de seus quatro pilares – Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar – e sugere
uma nova forma de organizar o orçamento financeiro: ao invés de Ganhos (-)
Gastos = Lucro/Prejuízo, fazer Ganhos (-) Sonhos (-) Gastos.
“Ter
educação financeira não é fazer sobrar dinheiro no final do mês, e sim poupar
em primeiro lugar para conquistar o que realmente importa e, então, readequar o
padrão de vida para o que sobrar. É possível ter constantes realizações,
conquistas de sonhos de curto, médio e longo prazo, mudando apenas a forma de
lidar com as finanças”, afirma o educador financeiro.
A
orientação é que, logo que receber o salário, a pessoa já retire a quantia
mensal necessária para a realização dos sonhos, colocando o montante na melhor
opção de investimento de acordo com o prazo. “Ou seja, ao invés de fazer
sobrar, é preciso poupar para o que realmente importa, antes de gastar”,
orienta Domingos.
Mas
é importante também eliminar alguns hábitos que tendem a levar ao
descontrole. São eles:
1.
Falta de planejamento - As pessoas não sabem para onde vai
seu dinheiro, não possuem controle. As pessoas não se dão conta que o
descontrole financeiro não acontece nos grandes gastos, mas sim nos pequenos.
Para evitar que isso ocorra, o correto é o preenchimento de uma caderneta
diária de todos os gastos, que chamamos de apontamento, e realizar uma planilha
mensal por três meses, conhecendo os seus verdadeiros números.
2.
Comprar por impulso - Algumas perguntas devem ser feitas antes de fazer
uma compra, como: estou comprando por necessidade real ou movido(a) por outro
sentimento, como carência ou baixa autoestima? Se não comprar isso hoje, o que
acontecerá? Tenho dinheiro para comprar à vista? Se comprar a prazo,
terei o valor das parcelas? O acúmulo de parcelas colocará em risco a
realização dos sonhos que priorizei com a família? Também é importante
pesquisar o melhor preço em pelo menos três lojas diferentes, entre físicas e
virtuais, para pagar menos e conseguir descontos.
3.
Ter o hábito de parcelar - Este é um hábito cultural do brasileiro, por
isso, ao agir dessa maneira, as pessoas não percebem que estão se endividando.
Para piorar, muitas vezes, o consumidor se esquece de colocar esses valores no orçamento,
o que pode comprometer seriamente as finanças. Caso seja fundamental parcelar,
deverá constar no orçamento mensal da pessoa, que sempre que receber seus
rendimentos separará parte do valor para pagar essa dívida. Também é
interessante ter uma poupança paralela, para que, em caso de imprevistos, tenha
como arcar com esses valores.
4.
Pagar sem questionar - Todo produto ou serviço é cobrado com larga margem
de lucro, portanto é sempre válido pedir descontos, especialmente se estiver
pagando à vista. Muitos têm vergonha ou receio, portanto negociar valores deve
se tornar um hábito em 2018, pois é preciso aprender a valorizar
o dinheiro. É importante também sempre rever os pacotes que contrata, como
de TV a cabo, internet e planos de celular, pois é comum que haja itens que
paga mas não utiliza. É interessante estar sempre de olho na concorrência, pois
muitas vezes há pacotes mais completos e mais baratos.
5.
Abusar do crédito fácil - Buscar ferramentas de crédito fácil, como
empréstimos, crediários, financiamentos, limite do cheque especial e pagar o
mínimo de cartão de crédito são formas comuns de endividamento. O mercado
oferece milhares de produtos de fácil acesso, contudo, os juros cobrados são
abusivos e fazem com que a inadimplência se torne alta. A solução é evitar
esses meios, buscando se educar financeiramente e mudando o comportamento
errôneo em relação a lida com o dinheiro. No caso de cartão de crédito, o
ideal é ter só um e, em caso de descontrole, até mesmo eliminar. Também é
interessante não ter limite de cheque especial.
6.
Não pensar no futuro - Muitos não têm o hábito de se preparar para o
futuro mas, especialmente agora com as mudanças na aposentadoria pelo INSS, é
importante rever essa atitude. O primeiro passo é pensar no padrão de vida que
deseja ter após se aposentar, lembrando que mesmo tendo trabalhado a vida toda
com carteira assinada, contribuindo para o INSS, a quantia recebida
dificilmente será suficiente. Muitos brasileiros se aposentam e precisam
continuar trabalhando ou dependem da ajuda financeira de parentes. Lembre que o
quanto antes você pensar em seu futuro, mais fácil será para
poupar dinheiro e atingir a quantia desejada. Para descobrir o número
da sua aposentadoria, preencha a planilha com a fórmula para a independência
financeira: http://www.dsop. com.br/arquivo s-downloads/file/calculo-de-
aplicacao-para-independencia- financeira?id=1.
7.
Só poupar se sobrar - Muitos brasileiros não conseguem
poupar dinheiro porque deixam para fazer isso apenas
se sobrar no final do mês. Portanto, em 2018, é imprescindível
começar a praticar um orçamento financeiro diferente, que priorize os sonhos e
não as despesas. Ao invés de fazer Ganhos (-) Gastos = Lucro/Prejuízo,
faça Ganhos (-) Sonhos (-) Gastos. Dessa forma, a poupança para os sonhos
será a prioridade e os gastos serão readequados, mudando o padrão de vida em
beneficio da conquista dos sonhos da família. Apesar de ser muito importante, a
realização dos sonhos tende a ser deixada em segundo plano; isso precisa mudar,
começando pelas atitudes. Não adianta agir da mesma maneira sempre, esperando
ter um ano diferente.
8.
Não sonhar - Não ter planos para o futuro e, consequentemente, poupanças
para conquista-los, leva ao consumismo de forma pouco pensada. Vejo que a
grande maioria abandonou o hábito de sonhar. Para sair deste problema, é
recomendável fazer um exercício simples: refletir sobre o que se quer em curto
prazo (nos próximos doze meses), no médio (entre um e dez anos) e no longo
prazo (a partir de dez anos). Tendo isso estabelecido, deve cotar os valores e
destinar parte de seu dinheiro para esse fim. Com os sonhos sempre em
mente, será muito mais difícil cair nas armadilhas do consumismo e do crédito
fácil.
9. Buscar status social - Acreditar que consumir é importante para ser aceito
socialmente faz com que as pessoas comprem sem ter condições. Isso porque
acreditam que possuir alguma coisa é o que fará a diferença para os outros, e
não o que ela realmente é. O consumo dessa maneira irá apenas suprir a
dificuldade de relacionamento interpessoal. A solução para esta questão é ter
objetivos claros e perceber que é muito mais importante ter conteúdo do que ter
produto.
10. Sucumbir ao marketing e à publicidade - Estar suscetível às ações de
marketing e publicidade faz com que as pessoas comprem o que não precisam ou
mesmo não têm condições. Isso acontece diariamente por falta
de orientação. O caminho para evitar esse problema é buscar
conscientização para abandonar o hábito de comprar por impulso, especialmente
quando estiver com as emoções alteradas, triste, com baixa autoestima ou com
bastante empolgação.
*Reinaldo Domingos é doutor em educação financeira, presidente da
Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação
Financeira e autor do best-seller Terapia Financeira, do
lançamento Diário dos Sonhos e da primeira Coleção Didática de
Educação Financeira do Brasil.