Eleições 2018
15 Oct 2018
Antonio Cruz/ Agência Brasil
Entre as 19h de domingo (7) e as 15h de quinta-feira (11), usuários
do Twitter movimentaram a rede com 2,7 milhões de postagens relacionadas
a ataques motivados por divergências político-ideológicas, no contexto
das eleições, e relatos de pessoas que temem se tornar alvo desse tipo
de agressão. De acordo com a Diretoria de Análise de Políticas Públicas
(Dapp), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que produziu o mapeamento, a
parcela populacional que mais manifestou apreensão diante das
ocorrências foram pessoas LGBTI+, negros e mulheres.
O pico de publicações veiculadas com esse teor foi identificado já na
primeira hora de análise, período em que se registrou uma média de 3,2
mil tweets - como são chamadas as micropostagens do Twitter - por
minuto. Nesse momento, informou o Dapp, houve predominância de tweets de
usuários que faziam menção ao medo diante dos resultados do primeiro
turno.
No dia seguinte, o assunto mais comentado no Twitter foi a morte do
capoeirista Mestre Moa, citado em 112 mil postagens. Um grande volume de
denúncias sobre outros casos e compartilhamentos de conteúdos que
noticiavam agressões a jornalistas e eleitores do Partido dos
Trabalhadores (PT) também foi identificado, segundo a Dapp.
Na data, postagens repercutindo incidentes de violência psicológica e
moral, como ofensas virtuais e ameaças também se multiplicaram na rede,
evidenciando que as vítimas têm sido agredidas nas ruas e nos mais
diversos locais, incluindo o transporte público e seu próprio local de
trabalho. Ao mesmo tempo, usuários da rede divulgaram campanhas e
iniciativas como forma de encorajá-las a denunciar formalmente os
agressores.
Violência
Ainda conforme levantamento da Dapp, na quarta-feira (10), os
posicionamentos oficiais do candidato Jair Bolsonaro (PSL) e seu
adversário, Fernando Haddad (PT) mobilizaram significativamente o debate
em torno das violências cometidas após o primeiro turno do pleito. Os
candidatos assinavam dois dos cinco tweets de maior impacto no período.
Junto às declarações de ambos os candidatos, informaram os
pesquisadores da Dapp, prevaleceram as menções ao caso da jovem agredida
e marcada com uma suástica, no Rio Grande Sul. Ao todo, foram
identificadas 329 mil referências ao fato.
"Tanto perfis contrários a Bolsonaro quanto favoráveis discutiram
sobre o ataque, com críticas à volta de situações violentas associadas
ao nazismo, à quantidade de ataques a minorias (em especial
homossexuais) e à falta de posicionamento das autoridades. Perfis
pró-Bolsonaro, com base em entrevistas com a equipe que investiga o
crime, questionaram se foi, de fato, um crime de ódio, e argumentaram
que nem todos os ataques são de apoiadores do deputado federal, mas sim
de opositores que desejam prejudicá-lo na eleição", destacou a Dapp em
seu relatório.
Histórico
Números da Dapp mostram ainda que, no mês que antecedeu o debate
eleitoral, a cada dia uma média de 35,9 mil tweets fazia menção a
agressões e casos de violência associados ao contexto político das
eleições, excluídas as referências ao ataque a Bolsonaro, em Juiz de
Fora (MG). Nessa fase, esse tipo de conteúdo foi veiculado tanto pelo
eleitorado de Bolsonaro como o de Haddad e dos demais candidatos à
Presidência da República. De 7 de setembro a 7 de outubro, foram
publicados 1,1 milhão de tweets sobre agressões.
Edição: Sabrina Craide - Agencia Brasil