31 Jul 2008
De acordo com a Federação Mundial de Cardiologia a depressão é um fator de risco isolado para o coração. Até pouco tempo, a doença estava entre as causas coadjuvantes do entupimento de artérias. A decisão da FMC de levar em conta a depressão como um fator de risco para as doenças do coração baseia-se na análise de quarenta dos maiores e mais recentes estudos sobre a relação entre infarto e depressão. Constatou-se que 45% dos infartados têm quadros depressivos em seu histórico.
Apesar de representar uma ameaça e tanto à saúde, a doença demora a ser identificada.
É confundida, geralmente, com tristeza ou melancolia passageiras. O cenário é preocupante. Hoje, a depressão é apontada pela Organização Mundial de Saúde como a quinta maior questão de saúde pública. Em 2020, deverá ser a segunda, depois justamente das doenças cardíacas. Ou seja, os laços entre os dois distúrbios tendem a ser mais estreitos.
Quanto mais grave a depressão, maior a probabilidade de ocorrência de problemas cardiovasculares. Seu impacto sobre o coração não se explica apenas do ponto de vista da fisiologia, mas também do lado comportamental. A pessoa depressiva é dominada pela apatia e pela irritação. Em muitos casos, ela se associa a ataques de pânico. Como alguém nessas condições pode pensar em alimentos pobres em gordura ou em largar o cigarro? Onde encontrar ânimo para fazer ginástica?
O desequilíbrio da química cerebral, verificado entre os depressivos, desregula a química de todo o corpo. Para começar, a depressão aumenta a produção do hormônio do stress, o cortisol. Em altas quantidades, esse hormônio eleva a pressão arterial e os níveis de LDL, o colesterol ruim. Ele diminui, ainda, a quantidade de HDL, o colesterol bom. Como se não bastasse o cortisol, o organismo de um deprimido fabrica mais adrenalina, substância que, em excesso, pode acarretar arritmias cardíacas graves. O tratamento da chamada "doença da alma" ganhou uma arma poderosa no final dos anos 80, com a chegada ao mercado dos remédios da família do Prozac. Eles são, inclusive, mais bem tolerados por quem já sofreu um infarto. Difícil é mesmo o médico fazer - e o paciente aceitar - o diagnóstico de depressão.
Medicamentos eficazes ajudam no tratamento
Os antidepressivos são geralmente eficazes. O difícil é encontrar o melhor medicamento para cada pessoa, uma vez que a escolha do medicamento varia de caso para caso, de acordo com critérios como a idade, doenças em atividade, os remédios já experimentados, os efeitos colaterais da medicação indicada, interações com as outras medicações em uso, etc.
Os antidepressivos são medicamentos que ajudam a restaurar o equilíbrio químico no cérebro. É importante saber que eles não são a cura, e que a depressão tende a ocorrer novamente.