31 Jul 2008
A jovem E.O., de 19 anos, diz que, no caso dela, a droga serviu como um refúgio. Devido aos seus problemas familiares a jovem diz que resolveu sair de casa por alguns meses. E fora do lar, enveredou-se por caminhos levados pela bebida, cigarro e mais tarde pela maconha.
"Entrei nas drogas por pura curiosidade. Tinha uma enorme vontade de fazer aquela 'viagem' de que tanto meus amigos falavam. Foi aí que comecei a usar, eventualmente, a droga, que passou a fazer parte da minha vida. Quando tava 'chapada' meu mundo era outro. A realidade de brigas na minha família já não existia. Era só eu ligar para alguns amigos e eles me arrumavam. E aí? Vai da branca (cocaína) ou da preta (maconha)?- perguntavam.
Sempre foi muito fácil conseguir, tanto que, durante o ano em que fiz uso da droga, nunca paguei, sequer, por um cigarro. A droga sempre chegou às minhas mãos sem que eu precisasse desembolsar nada".
Hoje, E.O. diz estar livre da dependência da droga. "Desde janeiro que não fumo nada. Minha decisão de largar foi por causa da minha família. O apoio do meu pai veio na hora certa. Caso ele continuasse me reprimindo, assim como aconteceu quando ele descobriu que eu fumava e bebia, talvez eu estivesse vivendo uma outra realidade: haveria entrado de cara no vício. Meu maior incentivo é saber que tenho minha família, e principalmente meu pai do meu lado".
Histórias como a de E.O. se repetem incansavelmente em rodas de amigos, farras e até escolas e universidades. A psicóloga Bianca Zortéa Dias revela que uma das principais atitudes a serem tomadas para que o caso da jovem não seja vivido por outras famílias, é o cuidado dos pais. "O primeiro passo para a prevenção ao uso de drogas é manter conversa com o filho, na medida que eles se manifestem interessados pelo assunto. É necessário também que os pais saibam manter a autoridade sobre os filhos, para que eles aprendam a ter uma organização interna. Mas veja bem, não há de se confundir autoridade com autoritarismo. São coisas totalmente diferentes. O primeiro trabalha pela promoção do bem estar da família, o segundo funciona como regra de tirania. A família precisa ser mais atraente que as drogas".
Mas como saber se seu filho está envolvido com drogas? "Mudanças como: abandono de atividades que gostava, mudança drástica no grupo de amigos, agressividade e falta de limites, distanciamento da família, isolamento e apatia, pequenas mentiras, desleixo com a aparência e sumiço de roupas e objetos de casa, podem ser alguns sinais de alerta", Orienta Bianca, ressaltando que, acima de tudo, está o posicionamento dos pais quanto ao uso das drogas. "Ver os pais com um copo de uísque na mão, tragando um cigarro, pode causar grande influência na opção do filho".
A cantora Rita Lee deu um grande exemplo durante um show que realizou recentemente em Goiânia. Quando em determinado momento a platéia pediu que ela falasse sobre drogas, com muita firmeza ela disse que há cinco anos estava "limpa". "Não me sinto à vontade para falar sobre esse assunto, pois vejo que a maioria dos pais está com copos de cerveja na mão", advertiu a cantora. Com base em exemplos como este, Bianca Zortéa é categórica em afirmar: "o exemplo não é a melhor maneira de se educar. É a única".