Crítica 2
03 Jun 2008
De fato, se a cultura pública é desvirtuada pelo dinheiro e pelo interesse privado, os intelectuais que sobressaem pouco significam. Por outro lado, uma cultura secreta sem contato com o público é absolutamente improvável. E improdutiva. A verdadeira cultura se alimenta do debate, do intercâmbio de muitas vozes, do exercício público dum pensamento crítico. Sem isso, ela se esteriliza.
Entrincheirados nas universidades, não importa quanto estes intelectuais produzissem: para o grande público, eles se tornaram invisíveis. Por optarem pela segurança de uma carreira (e aqui Jacoby inclui a esquerda norte-americana formada pelos radicais dos anos 60), eles mantêm uma relação de dependência com as instituições que os sustentam. Eles cresceram num mundo em que eram raros os pensadores independentes da universidade. Assim como as gerações anteriores de intelectuais quase nunca consideravam as carreiras universitárias, o inverso se tornou realidade. E considerar significa avaliar as oportunidades reais: reflete realidades sociais modificadas, não apenas desejos modificados.
E quais as causas desse deslocamento da intelligentsia para o restrito universo acadêmico? Que realidades sociais foram modificadas? A resposta a essas questões passa necessariamente pela reestruturação das cidades, pela expansão da educação universitária depois da Segunda Guerra Mundial e pelo desaparecimento do cenário boêmio.