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Biodiversidade

13/10/2022

Relatório do WWF aponta crise de biodiversidade global: o tatu- bola, mascote da Copa no Brasil, sofre seus efeitos

Nova edição do Relatório Planeta Vivo revela uma queda média de 69% nas populações de animais selvagens em todo o mundo, em 4 décadas. Regiões tropicais são as mais afetadas. No Brasil, animais icônicos, como o boto, estão ameaçados

Um dos mais completos relatórios globais sobre a biodiversidade mostra que espécies icônicas da biodiversidade brasileira estão ameaçadas. Entre 32 mil populações de 5230 espécies de todo o planeta, analisadas pelo WWF na 14ª edição do Relatório Planeta Vivo (em inglês, Living Planet Report-LPR), 10% das populações e um quinto das espécies são brasileiras. Estudos recentes do WWF-Brasil constataram que a redução no habitat é uma das principais ameaças no Cerrado, e atinge espécies como o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), o mascote da Copa do Mundo no Brasil, que perdeu até 2020, 50% da sua área de distribuição. Outra espécie do Cerrado sob ameaça é o tiriba-do-Paranã (Pyrrhura pfrimeri), um parente de papagaios e araras, endêmica do Cerrado, que ocorre somente na porção desse bioma localizada nos estados de Goiás e Tocantins e que já é considerada como ameaçada de extinção pelo governo brasileiro. Nos dois casos, o principal motivo é o avanço do agronegócio sobre áreas de vegetação nativa do Cerrado.

 

"Em um período de cinco anos, o tatu bola viu aumentar em 9% a cultura de soja dentro dos limites da sua distribuição, na região do Matopiba”, destaca Mariana Napolitano, gerente de Ciências do WWF-Brasil. “No caso da tiriba-do-Paranã, a perda de área natural é de 70%. Como ela depende muito das florestas secas que ocorrem nos afloramentos rochosos de calcário da região para procurar alimentos como flores, sementes e frutos, o desmatamento e a conversão de áreas para a plantação de soja e pasto são considerados as principais ameaças à espécie”, detalha.

 

Ao lado das mais de mil espécies brasileiras que compõem o relatório, figuram populações do gorila da planície oriental, que tiveram um declínio estimado de 80% no Parque Nacional Kahuzi-Biega da República Democrática do Congo entre 1994 e 2019. No caso das populações do leão-marinho australiano, a queda foi de 64% entre 1977 e 2019.

“Estamos enfrentando uma dupla emergência global provocada pelas ações humanas: a das mudanças climáticas e da perda de biodiversidade, ameaçando o bem-estar das gerações atuais e futuras”, disse Marco Lambertini, Diretor Geral do WWF Internacional. “O WWF está extremamente preocupado com esses novos dados que mostram uma queda devastadora nas populações de animais selvagens, em particular nas regiões tropicais que abrigam algumas das paisagens mais biodiversas do mundo”.

 

Segundo a nova edição Relatório Planeta Vivo populações monitoradas* de vertebrados - mamíferos, aves, anfíbios, répteis e peixes - tiveram uma queda de 69% em média desde 1970. Entre 1970 e 2018, as populações monitoradas na região da América Latina e do Caribe encolheram 94% em média. Segundo o estudo, é nas regiões tropicais que as populações de vertebrados monitorados estão despencando em um ritmo particularmente impressionante. No caso das populações de água doce, em menos de uma geração houve uma queda média de 83%, o maior declínio entre os grupos de espécies avaliadas. A perda de habitat e as barreiras às rotas de migração são responsáveis por cerca de metade das ameaças às espécies de peixes migratórios monitorados.

 

O relatório indica que os principais fatores do declínio das populações de vertebrados em todo o mundo são a degradação e perda de habitat, exploração, introdução de espécies invasoras, poluição, mudanças climáticas e doenças. Vários desses fatores desempenharam um papel na redução média de 66% das populações da África, bem como na queda de 55% das populações da Ásia e região do Pacífico.

 

O relatório argumenta que aumentar os esforços de conservação e restauração, produzir e consumir alimentos de forma mais sustentável e descarbonizar rápida e profundamente todos os setores podem mitigar a dupla crise global. Os autores pedem aos formuladores de políticas e ao setor privado que acelerem a transição econômica para que os recursos naturais sejam devidamente valorizados.


O Relatório Planeta Vivo deixa claro ainda que entregar um futuro positivo para a natureza não será possível sem reconhecer e respeitar os direitos, governança e liderança de conservação dos Povos Indígenas e comunidades locais em todo o mundo.


COP DA BIODIVERSIDADE: OPORTUNIDADE ÚNICA PARA REVERTER O CENÁRIO ATUAL

Em dezembro deste ano, líderes mundiais devem se reunir na 15ª Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica (CBD COP15) - uma oportunidade única de mudar as curvas atuais de perda de espécies e emissões em prol das pessoas e do planeta. O WWF defende que os líderes se comprometam com um acordo “ao estilo de Paris” capaz de reverter essas curvas e garantir um mundo positivo para a natureza até 2030.


“Na Conferência de Biodiversidade (COP15) em dezembro, os líderes têm a oportunidade de redefinir nosso relacionamento com o mundo natural, e garantir um futuro mais saudável e sustentável para todos com um acordo de biodiversidade global ambicioso e positivo para a natureza”, disse Lambertini. “Diante de nossa crescente crise da natureza, é essencial que este acordo forneça ações imediatas na prática, inclusive por meio de uma transformação dos setores que impulsionam a degradação da natureza e apoio financeiro aos países em desenvolvimento.”


“O Relatório Planeta Vivo contém números chocantes diretamente relacionados às crises climáticas e de biodiversidade e, em resposta, devemos ver sistemas transformadores mudarem se quisermos deter e reverter a perda das espécies e garantir um futuro próspero para as pessoas e a natureza”, disse Lambertini. “Os líderes do governo devem avançar na COP15. O mundo está assistindo.”


SOBRE O RELATÓRIO

Produzido a cada dois anos pelo WWF desde 1998, o Relatório Planeta Vivo (em inglês, Living Planet Report) visa oferecer uma visão abrangente do estado da conservação da biodiversidade em todo o mundo. A edição deste ano inclui o maior conjunto de dados até agora, com uma forte contribuição de espécies brasileiras: no total, foram adicionadas 838 novas espécies (575 das quais são do Brasil) epouco mais de 11.000 novas populações em relação ao relatório anterior, de 2020. Para o Relatório Planeta Vivo deste ano, colaboradores do WWF-Brasil e da Universidade de São Paulo pesquisaram em periódicos e relatórios de impacto ambiental em português. Graças aos seus esforços, agora temos 3.269 populações para 1.002 espécies brasileiras contribuindo para o IPV.


O relatório destaca a dura realidade do estado da natureza atualmente e alerta urgentemente os governos, empresas e o público para tomarem ações transformadoras para reverter a destruição da biodiversidade.


ÍNDICE PLANETA VIVO

O total de quase 32 mil populações de 5.230 espécies mapeadas compõem o Living Planet Index- LPI (Índice Planeta Vivo), calculado pela Sociedade Zoológica de Londres (ZSL, na sigle em inglês Zoological Society of London). Ele mostra um declínio médio de 69% entre 1970 e 2020 nas populações de vertebrados monitorados. A mudança percentual no índice reflete a mudança proporcional média no tamanho das populações animais monitoradas pelo menos em dois momentos ao longo de 48 anos - não o número de animais individuais perdidos nem o número de populações perdidas. As iterações sucessivas do LPI não são diretamente comparáveis, pois contêm diferentes conjuntos de espécies.


Segundo o Dr. Andrew Terry, Diretor de Conservação e Política da ZSL, “O Índice Planeta Vivo destaca como abalamos a própria fundação da vida e a situação continua a piorar. Metade da economia global e bilhões de pessoas dependem diretamente da natureza. Prevenir mais perdas de biodiversidade e restaurar ecossistemas vitais devem estar no topo das agendas globais para enfrentar as crescentes crises climáticas, ambientais e de saúde pública”.


ÍNDICE DE INTEGRIDADE DA BIODIVERSIDADE

O Índice de Integridade da Biodiversidade do relatório mostra que a Europa é uma das regiões com as pontuações mais baixas para a integridade da biodiversidade. Por outro lado, as regiões tropicais teriam começado em uma linha de base mais intacta em 1970, mas desde então experimentaram mudanças mais rápidas em seus ecossistemas. Isso explica porque os declínios na Europa e na América do Norte não sejam tão acentuados: as pressões que afetaram espécies e habitats se deram por muitas décadas antes de 1970, linha de base dos relatórios.


SOBRE O WWF

O WWF é uma organização ambiental independente, com mais de 30 milhões de seguidores e uma rede global ativa em quase 100 países. Nossa missão é frear a degradação do meio ambiente e construir um futuro em que as pessoas vivam em harmonia com a natureza. Visite panda.org/news para obter as últimas notícias e recursos de mídia; siga-nos no Twitter @WWF_media


SOBRE A ZSL

A Sociedade Zoológica de Londres ZSL (Zoological Society of London) é uma instituição conservacionista internacional que trabalha para criar um mundo no qual a vida selvagem prospere.


Desde investigar as ameaças à saúde dos animais até ajudar as pessoas e a vida selvagem a viver lado a lado, a ZSL está comprometida em recuperar a vida selvagem. A atuação da ZSL é realizada por meiode uma ciência inovadora, conservação de campo em todo o mundo e o engajamento da sociedade.


Para obter mais informações, visite www.zsl.org.

 

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