Economia
26 Apr 2018
18:49
Na reta final da entrega da declaração do Imposto de Renda – o
prazo termina em 30 de abril – muitos brasileiros se interessam pela
antecipação da restituição. Trata-se de um empréstimo, portanto é preciso
considerar os juros e ter certeza de que não cairá na malha fina e acabará
arcando com as parcelas do próprio bolso.
Muitos
consideram essa uma boa saída para “desafogar” o orçamento, sem considerar que
se há um problema financeiro, não será a entrada antecipada de dinheiro que irá
resolvê-lo. A questão é mais profunda, diz respeito aos hábitos e
comportamentos que o levaram a precisar deste empréstimo em primeiro lugar.
É
claro que se o problema for uma dívida com juros altos, maiores do que os da
antecipação, é um bom negócio, contudo é preciso ter consciência de que trocar
uma dívida pela outra não é a solução. Ainda assim, é importante fazer uma boa
pesquisa entre as instituições financeiras, já que as taxas variam muito.
A
vantagem da liberação rápida do dinheiro na conta corrente tem um custo, que
vai além dos juros: os riscos. Afinal, além de perder dinheiro ao pagar as
taxas, há a possibilidade de haver alguma inconsistência na declaração e o
valor devolvido pela Receita ser menor do que o esperado, ou pior, a declaração
cair na malha fina e o contribuinte não receber essa restituição – esses fatos
não mudarão em nada o empréstimo tomado anteriormente, restando a quem
tomou o empréstimo parar pesados juros.
Ou
seja, se for utilizar a antecipação é preciso ter certeza de que a declaração
está perfeita. Por isso é válido ter cautela ao preencher e se organizar com
antecedência, separando documentos para que possa justificar o que está
declarando. Por se tratar de um relatório minucioso em alguns casos, é válido
buscar a assessoria de um especialista contábil.
Ainda
assim, a principal recomendação é que, antes de tomar qualquer decisão, o
contribuinte faça um diagnóstico financeiro para ter consciência de que forma
gasta o seu dinheiro e possa identificar pontos de melhoria, para que não mais
precise de rendas extras para manter o equilíbrio financeiro.
Uma
última orientação: os que vão receber a restituição no primeiro lote precisam
investir o valor em um fundo adequado para o prazo em que se deseja atingir um
objetivo, afinal de nada adianta manter uma quantia destinada para a realização
de um sonho de longo prazo na poupança, por exemplo. Assim se tornaria mais
vantajoso receber nos últimos lotes, já que o governo paga as correções.
*Reinaldo Domingos é doutor em educação financeira, presidente da
Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação
Financeira e autor do best-seller Terapia Financeira, do
lançamento Diário dos Sonhos e da primeira Coleção Didática de
Educação Financeira do Brasil.